sexta-feira, 4 de setembro de 2009

É Hora de Agir - Faltam 96 dias

Ambientalistas e governos de todo o mundo aguardam, ansiosamente, pelo resultado da 15ª Conferência das Partes (COP-15) das Nações Unidas sobre Mudanças no Clima, que será realizada em dezembro em Copenhague (Dinamarca). Do encontro, espera-se a produção de um documento no qual países se comprometam a adotar metas ambiciosas de redução das emissões de carbono na atmosfera.
O tempo está passando e a ciência já deixou claro que não é possível mais esperar. De acordo com o painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas da ONU (IPCC, na sigla em inglês), a concentração do gás carbônico (CO2), principal causador do efeito estufa, aumentou 0,5% em apenas um ano. Desde 1990, o crescimento foi de 24%. As consequências do aquecimento global já são sentidas, com o derretimento de calotas polares, aumento do nível do mar e eventos climáticos atípicos.
Os blocos dos países menos desenvolvidos e estados-ilhas são os que mais temem a devastação provocada principalmente pelas nações industrializadas. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), os mais pobres, especialmente no Pacífico Ocidental, serão atingidos com maior gravidade por doenças como a malária e a dengue, provocadas por mosquitos que, devido às mudanças climáticas, alteram suas rotas. No Brasil, a desertificação de áreas como a caatinga poderá resultar em um grande número de desabrigados, assim como pode aumentar a quantidade de vítimas de enchentes atípicas, como as que vêm ocorrendo nos últimos anos.
Antes do encontro na Dinamarca, delegados de mais 180 países fizeram reuniões informais em Bonn e Bangcoc. Em agosto, na Alemanha, a demora nas negociações preocuparam o secretário da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança Climática,Yvo de Boer. "Só temos mais 15 dias para discutir antes de Copenhague. E, nesse ritmo, não vamos conseguir", alertou, referindo-se à reunião que ocorrerá na Tailândia um mês antes da COP-15.
 A ONU defende que os países industrializados financiem pesquisas tecnológicas para as nações em desenvolvimento evitarem cometer os mesmos erros que resultaram no aumento da concentração de gases na atmosfera. É um ponto polêmico, sobre o qual ainda não há perspectivas de acordo. Nas negociações internacionais, o Brasil tem cobrado enfaticamente mais ações e menos dicursos por parte dos paíese ricos. Não apenas quanto ao financiamento, mas também às metas de redução de emissões.
Por outro lado, os negociadores brasileiro não concordam com um ponto polêmico que estará na pauta da COP-15: a entrada do mecanismo Redd (Redução de Emissões para Desmatamento e Degradação) no mercado de carbono. Por meio de financiamento de ações que ajudem a manter as florestas dos países em desenvolvimento de pé, os desenvolvidos poderiam compensar suas emissões. No entendimento do Itamaraty, isso vai fazer com que os ricos continuem a emitir carbono, passando suas responsabilidades para os menos industrializados.
A frente das negociações de uma pauta extensa, polêmica e sobre a qual há poucas concordâncias, estará a ministra de Clima e Energia da Dinamarca, Connie Hedegaard.
 Fonte: Correio Braziliense, 31de agosto de 2009.
Reportagem de Paloma Oliveto.
"Temos uma oportunidade única na vida de garantir a segurança do planeta para as futuras gerações".
"Precisamos é de coragem política para tomar as decisões necessárias. Acredito que as pessoas ao redor do mundo esperam que cupramos nossa responsabilidade. E agora".
"O exemplo dinamarquês mostra que crescimento e desenvolvimento sustentável não são incompatíveis. Mas depende de cada governo dar prioridade a isso e agir".
(Connie Hedegaard - Ministra de Clima e Energia da Dinamarca)